sábado, 11 de fevereiro de 2012

Os Decendentes

Todas as famílias têm suas complicações. Cada pessoa tem suas tristezas, felicidades e cada diferença que faz com que a convivência seja possível, impossível, tragável ou intragável. Mas família é, quase sempre, o que mais importa. E é exatamente sobre isso que fala “Os Descendentes”


Matt King (George Clooney) vive no Havaí, mas sua vida está longe de ser o paraíso que o ambiente tropical parece querer invocar. Quando sua mulher Elizabeth (Patricia Hastie) entra em coma após um acidente com um barco, ele se vê perdido para reunir e conquistar a confiança das filhas rebeldes, a caçula Scottie (Amara Miller) e a adolescente Alexandra (Shailene Woodley). Completando o caos, Matt é o principal herdeiro de uma larga área natural local, que teria sido herdada de antepassados nobres, o que coloca em seus ombros o principal papel de decisão. Tudo isso só parece desenterrar mais problemas, dúvidas e desafetos para Matt enfrentar, especialmente quando descobre que Elizabeth estava traindo-o antes do acidente.

Apesar do enredo pronto para se tornar um dramalhão, “Os Descendentes” tem o grande crédito de manter os dois pés firmes no chão. Muito em parte pelo papel que Matt tem que assumir, como líder e como pai de família, nos vemos com um misto de melancolia e esperança vagas, que permeiam o filme. Isso não quer dizer que não tenhamos momentos dramáticos, muito pelo contrário: estes estão presentes em diversos pontos, garantindo suas melhores cenas, seja em simples realizações, pequenas e grandes felicidades e tristezas e até momentos catárticos – como uma cena memorável de Alexandra, ainda no início do filme. Não espere “chororôs” gratuitos ou desgraças a cada instante.

Apesar da melancolia constante, o clima é surpreendentemente leve na maior parte do tempo. Claro, há uma série de elementos tristes, dramáticos e mesmo preocupantes em jogo, mas a familiaridade que ganhamos com os personagens, assim como a descontração que parece tomar conta das cenas, por muitas vezes, permite que tenhamos muitos momentos para sorrir, sem falar em rir – o enredo permite piadas e momentos tragicômicos que reconheceríamos em qualquer família. Aqui, a trilha sonora é um grande apoio. Baseada totalmente em música tradicional havaiana, ela ajuda a evitar a melancolia excessiva e combina perfeitamente com os tons ensolarados do longa.

Clooney conquista rapidamente a plateia, dando vida a uma figura paterna que todos nós conseguiríamos reconhecer em diferentes pessoas em nossas vidas. Ao vermos a coleção de dificuldades de Matt, não há como não se sensibilizar ou ainda não se identificar: todos já passamos por um ou outro momento difícil e muitos de nós perdemos alguém. Chega a ser transformador acompanhar o processo de superação e a conclusão que a vida continua. O ponto de vista dos filhos também não fica para trás, especialmente com a atuação de Woodley – do arrependimento ao ressentimento, dos insultos ao perdão, é interessante observar a relação de sua personagem com a de Clooney e como evolui a relação de pai e filha.

Interessantemente, nenhum personagem está “à toa” na trama. Até mesmo o aparentemente inútil Sid (Nick Krause), o pateta amigo/namorado de Alexandra, mostra uma importância que vai além de alívio cômico, em especial em um ótimo diálogo com Clooney que fala muito (diretamente e nas entrelinhas) sobre como as pessoas lidam com seus sentimentos, perdas e dificuldades.

Complementado com uma fotografia diferenciada, o filme aproveita os belos cenários para esbanjar em planos abertos, foco deslocado e algumas abordagens mais ousadas. Uma bela experiência sobre as coisas que realmente importam, as coisas que perdemos, as coisas que não podemos perder e as que devemos escolher deixar para trás, “Os Descendentes” tem uma coleção de lições para todos, além de, simplesmente, um ótimo enredo com um excelente elenco. Merecedor de muitos dos prêmios e indicações recebidas, com toda certeza.




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Copiei DAQUI
Credito: Rodrigo Ortiz

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