Unindo duas grandes paixões de Hollywood – as comédias românticas com os filmes de espiões – “Guerra é Guerra” (“This Means War”) tem uma promessa não tão original de explosões, tiros, beijos e risadas com um alto orçamento e um ótimo elenco. Uma ótima fórmula para agradar executivos e o público geral, para olhos mais críticos já fica de longe a dúvida da qualidade dessa experiência.


FDR (Chris Pine) e Tuck (Tom Hardy) são melhores amigos a anos, praticamente irmãos. A dupla inseparável trabalha na CIA e, mesmo com suas diferenças de personalidade, fazem um ótimo trabalho. Quando o romântico Tuck se vê procurando uma namorada, o conquistador FDR lhe dá todo apoio, mas também acaba encontrando uma garota. Acontece que a conquista dos dois é a mesma pessoa, a bela Lauren (Reese Witherspoon) que, incentivada pela amiga Trish (Chelsea Handler), passa a sair com os par até que se decida, sem saber que eles se conhecem. O romance começa a forçar a amizade, e os agentes passam a usar seus conhecimentos e recursos da CIA para vencer no amor, ao mesmo tempo que devem enfrentar a ameaça do criminoso internacional Heinrich (Til Schweiger), que está chegando aos EUA em busca de vingança.

Felizmente, “Guerra é Guerra” deixa bem claro, desde o começo, que não planeja se levar à serio, ou ao menos, não à sério demais. As cenas de ação e espionagem aproveitam muito bem o orçamento, se igualando a vários filmes de ação, com boas lutas, tiroteios e perseguições, mas é no absurdo das intrusões de espionagem no dia-a-dia dos personagens que fica a maior parte da graça.
Se pessoas comuns já sofrem de ciúmes, os espiões aqui mostram que não estão muito longe de nós, indo além das desconfianças e “espiadas” cotidianas. FDR e Tuck espalham câmeras a escutas, usam rastreamento por satélite, bancos de dados governamentais e toda a mais alta tecnologia da espionagem para se darem bem com Lauren, assim como sabotar um ao outro. Fica a dúvida: afinal, quem de nós não faria o mesmo, se pudesse?

O absurdo aqui cai bem e faz grande parte do humor. A piada do uso da CIA para investigar (e “investir” em) um caso evolui bem, partindo como uma missão secreta para as equipes de apoio de cada agente. Até o final da história, até os incorruptíveis ajudantes estão interessados na fofoca, ironicamente deixando para segundo plano o grande vilão que quer vingança da dupla. Impossível de acontecer na vida real? Sim. Divertido? Também.
Esse tipo de situação é a base da maior parte do humor do filme, gerando riso pelo exagero do simples. Aqui, vale destacar, não estamos falando de um exagero escatológico ou de humor negro/pateta, mas sim o humor situacional de, por exemplo, Tuck metralhando crianças com uma arma de tinta em uma partida selvagem de Paintball, ou as trapaças que os dois amigos fazem para acabar com os encontros com Lauren. Outra tantas vezes a graça fica em tiradas rápidas, aproveitando um ótimo timing para piadas, porém aqui entram alguns momentos de constragimento de personagens que perdem um pouco a mão.

O triângulo amoroso não é exatamente inspirado, sendo que aqueles que já assistiram filmes do gênero o suficiente conseguem adivinhar de longe quem irá ficar com quem e que problemas se resolverão (e como se resolverão) até o final da história. O caminho até a resolução, cheio de passagens óbvias, não desagrada, a não ser que você se esquente demais com os detalhes.
Reese e companhia estão muito bem dentro do proposto, apesar de nenhum dos personagens ou atuações cair em qualquer novidade. Alguns, como Chris Pine, acabam caindo em velhos moldes, de um modo ou de outro – no exemplo, o agente secreto “pegador” FDR, poucos anos atrás, já foi um jovem Capitão Kirk “pegador” em Star Trek (2009).

Vale o ingresso para quem procura uma boa diversão “pipoca”, sem pretensões ou nada de muito especial. Vá para rir e se divertir sem se preocupar!


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