RPG, ou os bastidores da maior escola de contadores de histórias já criada…
RPG.
Talvez você conheça essa sigla porque ande gastando centenas de suas horas com a Square Enix. Talvez porque seja um saudosista de livros em primeira pessoa, cheios de finais e opções diferentes de trajetória para o protagonista. Talvez porque tenha lido matérias policiais mal direcionadas.
Talvez porque tenha dor nas costas.
Não importa.
O caso é que hoje nós vamos falar sobre o que você deveria pensar de verdade ao escutar essa sigla. Sobre a trajetória e peculiaridades do maior jogo de imaginação já criado pela humanidade.
Do verdadeiro papel da maior escola de contadores de histórias já criada.
História de Criação
É meio lendário o que se conhece sobre a motivaçã
o da criação desse jogo, mas vamos lá. Reza a lenda que Gary Gygax e Dave Ameson jogavam um jogo de tabuleiros chamado “Chainmail” (e se você é RPGista de mesa ou de games, provavelmente deve saber que isso significa: “cota de malha”), quando após uma grande batalha sobraram apenas três guerreiros do exército original. Como a ideia inicial seria tomar uma masmorra, um deles teria comentado que aqueles guerreiros poderiam promover uma invasão subterrânea na masmorra, ou qualquer coisa do tipo. Logo, em vez de continuar aquela aventura de combate em massa, eles tiveram a grande sacada de narrar a aventura subterrânea daqueles três personagens, iniciando o que viria a se tornar em 1974 o RPG mais famoso do mundo: o Dungeon & Dragons.Depois que a coisa toda começou, alguns híbridos começaram a surgir no mercado, mas ainda sem tanta repercussão.
Curiosamente, em 1980, o ainda jovem e iniciante Tom Hanks fez parte de uma pérola chamada “Mazes and Monster”, que mostrava a história de um jogo de RPG.
(Tom Hanks ainda em nível de fama 1…)
No Brasil, apenas saber do que se tratava RPG nessa época já o tornava um cult dentre o meio nerd; conseguir umas xerox de um material pirata (sempre em inglês) então o tornava um God of War!
Eu me lembro da primeira vez em que ouvi falar dele. Um amigo meu nerd chamado… bem… Luke, virou e explicou: “é um jogo difícil de explicar! Você pode fazer de tudo! Se você quiser, sei lá, mandar seu personagem cuspir no chão, você pode!”.
E eu sem entender como aquilo seria possível, imaginei naquela década de 80 o que seria hoje a série GTA.
Mas então veio 1983.
Essa data não deve ser esquecida.
Jamais.
Porque foi essa data que trouxe ao Brasil o maior presente que o Dungeon & Dragons poderia dar à cultura pop brasileira. Porque foi nessa data que surgiu Dungeons & Dragons Cartoon. Mas se esse nome não lhe disser nada, provavelmente seja porque você deve conhecê-lo pelo outro.
O “Caverna do Dragão”.
(Cavernas… e… Dragões…)
Não vou me estender nos comentários dessa animação porque teremos ainda um post por aqui só para ela. O que basta dizer é que o sucesso do fenômeno no país foi tamanho que se tornou provavelmente a animação mais amada de toda uma geração.
E ajudou a popularizar o RPG de uma maneira grandiosa.
O fato é que “Dungeons & Dragons” não foi apenas o primeiro RPG do mundo, ele também estabeleceu todos os conceitos que chegaram a se tornar clichês associados a eles, do qual falaremos mais abaixo.
No Brasil, contudo, apesar de “Caverna do Dragão” aguçar a curiosidade, nem todos sabiam que se baseava em um RPG. Aliás, pouca gente mesmo ainda sabia o que era isso!
E foi então que elas foram apresentadas a algo muito curioso, que mais uma vez virou o jogo.
Chegavam por aqui as Aventuras Fantásticas.
Livros-Jogos
Chamados por aqui de “livro-jogo” ou “aventura solo”, a série Aventuras Fantásticas apresentou o conceito do RPG de fato para milhares de brasileiros. Através daqueles livros de múltiplas opções, o leitor compreendia quais os princípios daquele jogo de imaginação.
A situação era assim: os livros apresentavam um cenário que podia variar desde uma cidadela de ladrões (os títulos eram um melhor do que o outro) até uma metrópole futurista. Apresentava-se o protagonista, e o que seria o grande objetivo que ele perseguiria em sua jornada.
Então nós assumíamos o papel desse protagonista (os livros eram sempre em 1ª pessoa) e decidíamos de acordo com duas, três ou quatro opções, por onde ele deveria seguir, dentre centenas de mini-parágrafos numerados no livro. Por exemplo:
Você entra na cidade e percebe ir embora os últimos raios de sol.
* Se você quiser ir para a Taberna do Pé Cansado, vá para o trecho 35
* Se preferir seguir viagem assim mesmo, vá para a 245
Era interessante porque para alcançar esse grande objetivo, você ajudava o protagonista a se decidir por diversas sidequests; missões paralelas com o intuito de seu personagem ganhar mais conhecimento ou itens para ajudá-lo na batalha final.
Claro que tinha muito roubalheira. Era comum o marmanjão ler o livro cheio de dedos enfiados pelas páginas, parecendo o polvo Paul, conferindo quais as melhores opções, caso se arrependesse da 1ª opção escolhida. Sem contar que quase ninguém rolava dadinhos de verdade cada vez que aparecia um inimigo a ser enfrentado. Simplesmente pulava direto para o mini-parágrafo de vitória.
(admita, você já roubou muito nesses livros…)
Hoje em dia a editora Jambô relançou essas coleções, com novas capas, mas o mesmo espírito, chamando-os de Fighting Fantasy (se quiser ver como ficou essa nova coleção, só clicar aqui).
Alguns anos depois, esse mesmo conceito quando colocado em video interativo gerou o que viria ser chamado RPGs eletrônicos (e posteriormente os MMORPGs) para diferencia-los do RPG de mesa.
Aprendendo a ideia da coisa, os nerds resolveram sair das aventuras solos e arriscar suas próprias criações com grupos de amigos igualmente nerds. Não adiantava, como citado, no início o RPG era algo bem restrito a esse gueto.
Mas quando os nerds começaram a mestrar suas próprias aventuras, eles mostraram seu grande poder.
E então o RPG foi começando a se tornar popular.
Anos mais tarde, ele se tornaria pop.
(A fantasia nunca termina…)
A Mecânica
Ok, mas como funciona esse negócio?
RPG é uma sigla para Role Playing Game, que significaria “jogo de interpretação de papéis”.
Explicação rápida: primeiro é preciso um grupo de jogadores que pode variar de 3 a 6. Não existe um limite, mas quanto mais gente, menos controle se tem.
Um desse jogadores será o mestre. Se RPG fosse um videogame, o mestre seria o console propriamente dito. Seria quem define o cenário, as regras desse cenário, os grandes vilões e trama da história a ser narrada (percebe-se desde já a semelhança com qualquer estrutura narrativa?).
Os outros serão os jogadores que irão criar seus personagens, de acordo com o sistema de regras em questão. Se é um cenário inspirado medieval, você pode gerar desde um Bárbaro crescido nas montanhas geladas até uma ladra caolha, com voz grossa (lembrei dos Changeman de repente…), por exemplo.
Se for um cenário super-heróico, você pode criar um personagem que solte fogo pela boca, que tenha sido atingido por meteoros e passa a soltar raios de plasma; qualquer coisa que o mestre do jogo permitir.
Criado isso, e definido os atributos desse personagem, você irá para a parte mais divertida: o background.
Aqui é onde o escritor dentro de você aflora!
Você começa a pensar sobre a origem daquele personagem, seus aliados, seus inimigos, seu grande amor, treinamento, objetivo de vida.
Tudo o que um escritor faz ao longo da vida centenas de vezes com seus personagens.
Com os personagens prontos, o Mestre do jogo cria um motivo para que eles se juntem em uma missão. Esse é um dos conceitos criados por Dungeon & Dragons que se tornaram clichês. Naquele jogo, especificamente, tal encontro se dava sempre em uma taberna, sendo os aventureiros um grupo de mercenários, caçadores de recompensas.
Então um velho bizarro na taberna começava a falar sobre uma lenda, que continha um grande tesouro para quem fosse lá conferir a coisa. Ou então que o rei tal havia colocado uma recompensa por uma tarefa X.
E os aventureiros iam lá tentar ser felizes.
(típico grupo de aventureiros, pensando em como realizar a próxima missão impossível)
Quando aparecem inimigos nessas aventuras, o mestre solicita que os jogadores “testem sua sorte”. Isso significa rolar dados multifacelados e compará-los com os atributos pré-estabelecidos de seus personagens. Na maioria das regras para a sua ação ter sucesso é preciso conseguir um número menor do que o número do atributo em questão.
Por exemplo, digamos que você esteja jogando o sistema 3D&T e tenha Força 2. Então resolve que quer arrombar uma porta trancada. Você rola o dado e se tirar 1 ou 2, você consegue. Se tirar, 4,5 ou 6, você bate na porta e volta feito uma bola de pinball.
O bacana do RPG, contudo, é a evolução pela qual seu personagem passa.
A cada missão completada você ganha pontos de experiência, que tornam seu personagem mais forte e famoso dentro do cenário proposto. Com várias aventuras, que ganham o termo de campanha, você acompanha seu personagem que no início era um fazendeiro metido a macho se tornar um lorde de guerra! A sensação disso é indescritível.
É como realmente você acompanhar um épico, mas se sentindo dentro desse épico.
Outro grande aspecto da coisa toda é a interpretação.
Sem essa compreensão por parte do jogador, um personagem de RPG é só uma planilha esquisita de números. Ele é uma folha e nada mais. Seria como você resumir você mesmo ao que diz o seu cadastro no Orkut. Ok, ele pode dizer algo de você. Mas ao mesmo tempo, você provavelmente é muito mais do que aquilo (mesmo que nem sempre para melhor…).
A graça de se criar um personagem completamente diferente de você é entrar na mente dele e pensar como ele pensaria. Se o mestre lhe diz:
Você entra no salão e então enfim encontra o filho do assassino da sua mulher, a quem você jurou vingança. Curiosamente, é apenas uma criança. Ela está aterrorizada. O que você faz?
Se você for um padre jesuíta, você pode escolher perdoá-la. E perceber que o caminho da vingança não é o que lhe dará paz.
Se você for um bandeirante escravocrata, você pode escolher fazer vingança ainda assim.
Não importa se você concorda com aquelas atitudes. A ideia é tentar entrar na mente daquele personagem. E isso também gera uma sensação muito intensa após uma aventura.
No fim das contas, se colocar no lugar do outro ainda é a melhor maneira de repensarmos nossos próprios atos.
(a ideia é essa…)
RPG & Literatura
Como dito, o RPG em si tem muitos conceitos em comum com uma estrutura narrativa.
- O mestre precisa organizar diversas personagens de personalidades diferentes, dentro de uma mesma estrutura de ação.
- Ele precisa definir toda uma ambientação e regras daquele cenário proposto.
- Ele precisa pensar em Pontos de Virada na trama, em vilões, recompensas, artimanhas, armadilhas, emboscadas, personagens secundários.
- Os personagens evoluem; eles precisam de um arco dramático que os faça evoluir tanto de forma física quanto mental.
- É preciso aprender a pensar como um personagem, independente das suas opiniões e filosofias pessoais.
- É preciso ter ritmo para não cansar. Se o ritmo cai e os jogadores começam a se entediar com as aventuras do mestre, ele grita logo um: “ATAQUE SURPRESA DE GOBLINS!” que acorda rapidinho os sonolentos.
E com isso tudo apresentado, vem a questão: mas RPG afinal é literatura?
Resposta: não, mas é possível se fazer literatura oriunda do RPG.
Nos EUA são bem comuns sagas literárias inspiradas em cenários como Dragonlance, Forgotten Realms, Vampire e Shadowrun, por exemplo. Algumas delas se tornam best seller do New York Times e se tornam até clássicas dentre o público alvo.
Muitos autores de literatura fantástica de hoje tiveram seus primeiros contatos com o gênero exatamente com o jogo, antes de começarem a ler sobre o assunto. O escritor Leandro Reis, por exemplo, da série “Legado Goldshine” é um fã assumido e que não nega suas influências. Eu e Eduardo Spohr testamos alguns dos personagens que viriam a estrelar “Dragões de Éter” e “A Batalha do Apocalipse” em aventuras de RPG de mesa.
E quantos não começam a escrever inspirados em Tolkien, cujo cenário foi a grande inspiração para o próprio RPG em si?
Aqui no Brasil, o caso mais famoso, contudo, é o de Leonel Caldela, que deu vida aos romances inspirados no cenário de RPG Tormenta.
RPG & o Demônio
É triste ter de usar espaço aqui para comentar uma coisa idiota e nonsense dessas, mas fazer o quê?
A questão é assim: junte os elementos “cidade pequena + crime brutal + delegado sem saber o que fazer + ignorância + imprensa estilo Superpop”.
O resultado é o de sempre: informação sensacionalista e irresponsável.
Eu poderia explicar os casos que levaram à essas bizarrices, mas Marcelo Del Debbio já o fez de maneira muito competente no website da Daemon, no link que você pode acessar aqui (UP do Modo Russo: ou ler no final desse post).
Depois de ler o que está lá, você pode sentir vergonha alheia por alguns setores de imprensa.
(Culpar o RPG pela atitude de algum doente, é como culpar o futebol por coisas assim…)
RPG no Brasil
Por aqui, o grande desbravador foi o chamado Tagmar, que surgiu em 1991. Em época de material traduzido escasso, ele fez bastante sucesso e era comum em points nerds, como gibiterias, se encontrar mesas com dados coloridos e fichas do cenário espalhadas.
O Desafio dos Bandeirantes surgiu no ano seguinte e enfrentou barreiras de preconceitos intensas (assistam a uma palestra dos autores), o que já era de se esperar já que foi o primeiro a se utilizar do folclore brasileiro em sua ambientação.
Com o tempo, surgiram alguns que nasceram e morreram e outros que sobreviveram ao tempo.
Alguns que vêm à mente: Millenia, Trevas, Defensores de Tóquio, Monsters, Era do Caos, Invasão. Sem contar os sistemas que poderia ser adaptados a qualquer cenário, como: Opera RPG, Nexus e 3D&T (o mais famoso deles, que por ter sido vendido em bancas de jornal chegou a locais que não possuiam livrarias especializadas).
A revista Dragão Brasil também prestou um grande serviço ao tema, sendo por muito tempo a única sobre o assunto no país. Curiosamente, as primeiras edições se chamavam “Dragon Magazine”, eram imensas e em preto e branco.
Os responsáveis pelo conteúdo, o chamado Trio Tormenta, formado por Marcelo Cassaro, J.M. Trevisan e Rogério Saladino, juntaram o material ao longo de anos, dando origem ao já citado cenário de RPG “Tormenta”, e abriram espaço também para a divulgação do trabalho do companheiro de Sedentario Marcelo del Debbio, que antes de desvendar teorias de conspiração escrevia RPGs inspirados em temas sobrenaturais.
[atualizado: alguns leitores nos comentários já lembraram do sistema genérico GURPS. Ainda que com um tanto complexo esquema de regras, de fato ele ajudou a popularizar o RPG por aqui com seus diversos suplementos como GURPS Supers, GURPS Fantasy, GURPS Horror, GURPS Conan, etc. Como estava citando os nacionais, não o havia comentado, assim como o sistema Storyteller, que também foi um marco e gerou os live actions também citados, que eram uma espécie de teatro improvisado, com os jogadores literalmente interpretando seus personagens].
De qualquer maneira, o RPG ainda será para sempre a maior escola de contadores de história já criada e irá influenciar milhares de pessoas a se interessar por fantasia e tudo que rodeia a imaginação.
No fundo é mesma essa a grande magia.
O poder de se jogar dados com o universo.
ps: e quem quiser, aproveite os comments de hoje e nos conte algo que adoramos saber: afinal, algum RPG de mesa ou eletrônico marcou a sua história ou gerou uma lembrança interessante ou engraçada, digna de nota?
Fim da matéria do Sedentário, agora, para poupar o trabalho dos leitores, aqui vai o texto sobre as mortes envolvendo RPG no Brasil, publicado pela Daemon, o link foi citado na matéria (http://www.daemon.com.br/rpg_inocente.asp):Carta aberta à mídia.
Peço a todos os jogadores de RPG que copiem este texto em seus blogs, sites, flogs, comunidades do orkut e onde mais puderem, pois não seremos mais usados como bodes expiatórios por delegados ineficazes, pastores evangélicos, vereadores oportunistas e jornalistas incompetentes.
O texto abaixo dá nome aos bois: às vítimas, aos assassinos e aos oportunistas que usaram os crimes para se promoverem. Chega de notícias distorcidas, incompletas e tendenciosas.
TERESÓPOLIS
Em 14 e 20 de Novembro de 2000, na cidade de Teresópolis (RJ), duas garotas de 14 (Iara dos Santos Silva) e 17 (Fernanda Venâncio Ramos) anos foram estupradas, torturadas e estranguladas com um intervalo de seis dias entre os crimes.
Sônia Ramos, 42, madrasta de Fernanda, a segunda vítima, levantou em um texto a suspeita de que as atrocidades pudessem estar ligadas ao jogo e que o RPG conduziria ao crime, porque sua filha (a VÍTIMA, que NÃO jogava RPG) andava na companhia de outros garotos que jogavam GURPS e Vampiro (sua alegação se baseou no fato de que sua filha andava as voltas "com pessoas que se fantasiavam de vampiros").
Inclusive a polícia chegou a prender injustamente um jogador de RPG, que não vou falar o nome porque o coitado era inocente e não merece ter seu nome publicado, mas que passou quatro dias na cadeia por causa deste absurdo.
O verdadeiro assassino das garotas foi preso após o 5o crime, depois da prisão do RPGista; era um cigano e NUNCA sequer passou perto de um livro de RPG.
A imprensa irresponsável, assim como no caso famoso da "Escolinha Base", foi muito rápida em divulgar versões fantasiosas sobre o "jogo da morte", mas NUNCA publicou uma linha sequer se desculpando com os 400.000 jogadores de RPG que foram ofendidos em sua moral e prejudicados diante da sociedade.
OURO PRETO
No dia 10 de outubro de 2001, Aline Silveira Soares viajou do Espírito Santo com sua prima e alguns colegas para Ouro Preto para participar da "Festa do Doze", que é uma espécie de Carnaval fora de hora entre as faculdades da região, com R$40,00 e a roupa do corpo para passar três dias.
Segundo o laudo, Aline consumiu drogas durante o dia anterior ao de sua morte. Esta informação foi confirmada por diversas testemunhas que também participavam da festa, em Ouro Preto (testemunhas que foram solenemente ignoradas pelo delegado Adauto Corrêa após as investigações tomarem o rumo circence). Aline não tinha dinheiro e acreditou que conseguiria fugir do traficante sem pagar pela droga que consumiu, mas no dia de sua morte (14 de Outubro de 2001), foi abordada pelo criminoso no caminho de volta para a república onde estava hospedada (o cemitério fica exatamente no meio do trajeto entre o local da festa e a república). Testemunhas (que também foram ignoradas no inquérito oficial) disseram ter visto Aline conversar com um conhecido traficante da cidade na porta do cemitério algumas horas antes de sua morte.
De acordo com especialistas em crimes relacionados a drogas, Aline provavelmente teria se oferecido para ter relações sexuais com o traficante para pagar a dívida, pois as roupas da garota foram encontradas "cuidadosamente dobradas e dispostas ao lado do local do crime, sem nenhum indício de violência ou de coerção". Aline tomou o cuidado de deixar suas sobre uma das lápides, dobradas com a jaqueta por baixo, para que não sujassem.
Ainda segundo o laudo oficial da perícia técnica, durante a primeira facada que Aline recebeu, o corpo estava na posição acocorada, popularmente conhecida como "de quatro". Segundo especialistas em crimes de estupro, o traficante provavelmente teria tentado obrigar Aline a realizar sexo anal, que possivelmente foi rejeitado pela garota, resultando no primeiro golpe com a faca. O traficante, tendo ferido Aline seriamente, não viu alternativa a não ser terminar de matá-la. Para disfarçar, o assassino colocou o corpo de Aline em posição deitada sobre a lápide (pelas fotos da perícia e rastros de sangue, pode-se atestar que o corpo foi movido APÓS a sua morte) para tentar atrapalhar as investigações.
Quando o corpo foi encontrado, os policiais começaram as investigações pelos locais em que Aline se hospedou e em uma das repúblicas foram encontrados alguns livros de RPG, que o delegado, evangélico confesso, classificou como "material satanista". A partir disto, um vereador oportunista chamado Bentinho Duarte (sem partido) viu nisso uma chance de se promover realizando terrorismo psicológico e, junto com o Promotor Fernando Martins (conhecido por ter tentado proibir a distribuições de jogos como Duke Nuken e Carmagedon), moveu ação contra as empresas Devir Livraria e Daemon editora tentando a proibição de 3 títulos (Vampiro: a Máscara, Gurps Illuminati e Demônios: a Divina Comédia).
Resumindo: um crime que não teve nada a ver com RPG, mas sim com DÍVIDA DE DROGAS resultou até agora na prisão de 4 garotos injustamente (que NÃO são jogadores de RPG, fato comprovado pela mãe da vítima em depoimento ao vivo na rede Bandeirantes de TV) e um completo show de aberrações e absurdos na mídia.
GUARAPARI
Polícia Civil do Espírito Santo prendeu, na noite de 12 de Maio de 2005, dois acusados pelo assassinato do aposentado Douglas Augusto Guedes, da mulher dele, a corretora de imóveis Heloísa Helena Andrade Guedes, e do filho do casal Tiago Guedes, em Guarapari. Os corpos dos três foram encontrados amarrados e deitados em camas no dia 5 de maio. Na mesma data, eles foram sepultados.
O delegado da Divisão de Homicídios de Guarapari, Alexandre Linconl, evangélico, disse ao Portal Terra que os assassinos MAYDERSON DE VARGAS MENDES, 21 anos, e RONALD RIBEIRO RODRIGUES, 22, confessaram que eles mataram a família motivados pelo jogo, mas essa "confissão" não ocorreu imediatamente após o crime.
O crime que Mayderson e Ronald cometeram é o de LATROCÍNIO QUALIFICADO E PREMEDITADO, ou seja, mataram para roubar de uma maneira cruel e sem dar chance de defesa às vítimas, com premeditação. Esse é um crime hediondo, sendo julgado e condenado diretamente por um juiz criminal. Ambos os acusados já tinham ficha criminal (ambos estão respondendo processo por Porte ilegal de Arma)
O que o advogado de defesa da dupla estava fazendo era alegar que eles cometeram o crime influenciado pelo jogo e, com essa ação, tentar reverter o crime para Homicídio Simples, baseado no tal jogo que ninguém sabe o que é. Com isso, os assassinos iriam para um júri popular, que poderia ser muito bem influenciado por todo esse novo circo que a mídia sensacionalista armou e, jogando a culpa em cima do RPG, poderia até inocentar os "pobres coitadinhos vítimas do jogo" Mayderson e Ronald...
O que tem de ficar bem claro é o seguinte: os criminosos entraram na casa, apontaram armas para Tiago e sua família, doparam a família sob a mira do revólver, levaram o garoto até o caixa eletrônico onde roubaram R$ 4.000,00 de sua poupança e depois executaram friamente a família com tiros na cabeça, para não serem reconhecidos. A história do "RPG" só apareceu dois dias depois que os assassinos foram capturados pela polícia, sob orientação do advogado de defesa da dupla.
É bom lembrar, já que a mídia "esqueceu", que, graças à intervenção da Daemon Editora e da conversa de Marcelo Del Debbio, escritor especialista em Role Playing Games, com o delegado de Guarapari ao vivo em uma entrevista na Rede Bandeirantes de TV, o advogado de defesa da dupla abandonou o caso, deixando os dois criminosos sem advogado à espera de um defensor público.
Com estes textos, podemos começar a nos defender dos três falsos "crimes do RPG". Já está na hora destas informações serem passadas para jornalistas sérios que queiram nos ajudar a fazer a verdade aparecer.
Abraços fraternais
É isso, achei que a matéria foi muito bem escrita e merecia um re-post! Cya galerinha!
Mas também acho que um jogo que desenvolve idéias de violência, morte, emboscadas e ocultismo também não rendem nada de bom.
ResponderExcluirMas minha opinião não conta já que pouco sei sobre o assunto, é apenas ponto de vista de alguém que não gosta de nada disso.
Não briga comigo *__*
ResponderExcluirEu já vi um RPG LIVE. Acho entediante, muito parado, enfim, acho que vocês poderiam fazer um RPG PORNÔ, com cenas tórridas de sexo selvagem. Aí eu teria muito mais afeto.
ResponderExcluirBeijos.
Boa matéria.
Hhahahaha, LAURO???????
ResponderExcluirPosso estar enganada, mas esse tal de Lauro deve ser o Vinee. Ele vive ligando em casa fala com minha mãe e deixa recados pra mim, em nome do Lauro.
Sei.....
tsc tsc tsc
Lauro, Lauro, não dê idéias (por melhor q esta seja), já q eu não poderia participar por motivos de trabalho! kkk
ResponderExcluir(L)
It's as broad as it's long.
ResponderExcluirJá houve jogadores de RPG que começaram a dar aulas de história, biologia, física, química, filosofia e, inclusive, medicina veterinária!
ResponderExcluirSwordsdragon