Novamente pelas mãos do diretor, produtor e roteirista (!) Paul W. S. Anderson, a franquia Resident Evil ganha mais uma encarnação cheia de tiroteios, pancadaria e incontáveis zumbis e monstros.




Depois dos eventos de “Resident Evil: Recomeço” (2010), Alice (Milla Jovovich) se encontra no navio Arcadia, cercada por naves da maligna Corporação Umbrella. Liderados pela sua antiga amiga Jill Valentine (Sienna Guillory), os soldados atacam o navio e capturam Alice, que é levada para o principal laboratório da empresa. Felizmente, para a sorte da heroína, o vilão Albert Wesker (Shawn Roberts) traiu a Umbrella e recrutou a ex-agente Ada Wong (Bingbing Li), assim como um grupo de mercenários liderados por Leon Kennedy (Johann Urb) e Luther West (Boris Kodjoe) para tirá-la de lá. Com seus companheiros, Alice descobre que a inteligência artificial Rainha Vermelha (Megan Charpentier, voz de Ave Merson-O’Brian) se voltou contra a humanidade, e o grupo pode ser a última esperança de salvação.

Não gostamos de falar o que já foi dito tantas vezes antes, mas para ninguém dizer que não foi avisado: a série de filmes Resident Evil, apesar de baseada vagamente na série de games de mesmo nome, foge completamente do enredo de qualquer uma de suas versões, reaproveitando elementos e personagens. Para este último filme, isso continua verdadeiro, mesmo com a presença de caras como Ada Wong e Leon Kennedy. Com isso entendido, evitaremos comparações com o universo dos games, ok?
Como costumeiro na série, “Retribuição” começa com uma cena de abertura recheada de ação épica, executada com primor. O que poderia ser uma sequência simples de tiroteio e explosões ganha muito com a construção da cena, mais, claro, uma boa dose de efeitos especiais. Possivelmente, é uma das melhores aberturas da franquia, e surpreendentemente funciona muito bem com o 3D.
O que acontece em seguida, por outro lado, é um pouco estranho: com uma série de telas flutuantes, revivemos, com narração de Alice, todos os eventos que levaram a série até ali. A sequência parece não ter muito lugar no filme, sendo quase um insulto para a inteligência e memória dos que acompanharam tudo. Claro, é uma boa maneira de explicar tudo que aconteceu para os que não viram os 4 primeiros filmes, mas por que alguém escolheria começar a assistir pela quinta parte da história, é difícil saber.

A seguir o enredo prossegue normalmente, com ainda mais ação que o habitual. É difícil passar cinco minutos sem que haja lutas, tiroteios ou sustos. Por sorte, o diretor soube dosar melhor o acabamento desse aspecto, e além de uma câmera-lenta mais controlada, sem os excessos do filme anterior, temos lutas com melhores coreografias, situações mais interessantes e absurdos um pouco mais críveis.
Aliás, falando no filme anterior, este capítulo funciona como uma grande homenagem ao passado da série, revivendo sequências e elementos do passado de maneiras interessantes, entre eles a própria Rainha Vermelha, assim como a personagem Rain (Michelle Rodriguez), do primeiro filme, entre outros. Uma cena já vista antes retorna de maneira improvável e ganha um novo significado. Não daremos spoilers, mas vale ressaltar que muitas pontas soltas do passado são consertadas, e que, ainda que o roteiro continue com furos por todos os lados e alguns elementos risíveis, de tão absurdos, há uma maturidade inesperada, desde as últimas aventuras de Alice.

Isso não quer dizer que o enredo seja exatamente “bom”: o roteiro ainda caminha por rotas óbvias, cheias de elementos-supresa que não surpreendem, armadilhas que só os personagens não notam e viradas que beiram o ridículo. A história é de fato interessante, mas é simplória.
Se você não está aqui só pela ação, também sofrerá com os diálogos descerebrados e cheios de clichês e frases de efeito. Alice continua de longe a mais interessante (o que não quer dizer muita coisa), mas Ada Wong também tem certo destaque. Leon e seus amigos, por outro lado, são dispensáveis e pouco interessantes. No geral, boa parte da culpa fica no roteiro, mas por vezes é difícil não duvidar da competência em atuação de Urb e companhia.

Para os que assistiram até aqui, “Retribuição” é de longe superior às últimas versões, com uma ação mais concisa, um melhor acabamento e um enredo um pouco mais amadurecido. O 3D, como um todo, também se destaca, ainda que caia mais de uma vez em caminhos “fáceis” na hora de jogar objetos na direção da platéia. Divertido, deixando uma abertura decente ao sexto volume que, ao menos até o momento, dizem que será o último capítulo da série.






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